O abutre
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Para que me comas
Deverás ter gosto aos temperos fortes,
Às pimentas das malaguetas,
Aos sais em pitadas de dedos cheios...
Para que me comas, mesmo ao desjejum,
Deverás ser dos de bom estômago,
Deverás inclinar-se às marés altas,
Aos matos densos,
Às torrentes nervosas.
Para que me comas,
Degustarás, de entrada,
Bifes de cobra e miúdos de porco crus...
E minhas mãos, encontrá-las-ás
Untadas de dendê
E meu fígado cozido em malte.
Para que me comas,
Deverás saber que o camarão à sua mesa
É o do mesmo que se alimenta
Com sabores pútridosDas profundezas das águas.
Deverás ter gosto aos temperos fortes,
Às pimentas das malaguetas,
Aos sais em pitadas de dedos cheios...
Para que me comas, mesmo ao desjejum,
Deverás ser dos de bom estômago,
Deverás inclinar-se às marés altas,
Aos matos densos,
Às torrentes nervosas.
Para que me comas,
Degustarás, de entrada,
Bifes de cobra e miúdos de porco crus...
E minhas mãos, encontrá-las-ás
Untadas de dendê
E meu fígado cozido em malte.
Para que me comas,
Deverás saber que o camarão à sua mesa
É o do mesmo que se alimenta
Com sabores pútridosDas profundezas das águas.
(Comas - Mário Deganelli)
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