A maior descoberta de minha vida

A maior descoberta de minha vida


Descobri que o que sou mesmo é “INVENTOR”

Invento consertos e soluções

Invento músicas, letras e instrumentos

Invento artes plásticas e reinvento coisas do lixo

Invento poesias e poéticas...

Invento tanto, todos os dias,

Que desconfio ser eu minha maior invenção.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Comas

O abutre







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Para que me comas
Deverás ter gosto aos temperos fortes,
Às pimentas das malaguetas,
Aos sais em pitadas de dedos cheios...
Para que me comas, mesmo ao desjejum,
Deverás ser dos de bom estômago,
Deverás inclinar-se às marés altas,
Aos matos densos,
Às torrentes nervosas.
Para que me comas,
Degustarás, de entrada,
Bifes de cobra e miúdos de porco crus...
E minhas mãos, encontrá-las-ás
Untadas de dendê
E meu fígado cozido em malte.
Para que me comas,
Deverás saber que o camarão à sua mesa
É o do mesmo que se alimenta
Com sabores pútridosDas profundezas das águas.


(Comas - Mário Deganelli)



quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Cara...






















Carranca Punk








Ah! Minha cara!
Espelho refletor dos estados de minh’alma...
Tão tara quão rara,
Tão “cara” quanto eu.
Ah! Minha cara,
Disfarce quando açucara,
Amara quando vera.
Ah! Minha cara!
Quantas vezes não quisera
Quantas noites foras quimeras...
Em quantas luas fostes cheia...
Mas cara, estado de minh’alma,
Arestas de minh’aura
Retrato de meus rostos

(Cara - Mário Deganelli)




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Blog de novo visual!!!

Aceitando sugestões para postagens.

Abraços!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Vaidade



Golfinho




– Nem ligo! Se sou meio delicado, se é como dizem, que sou fresco, isso é problema meu! – estes pensamentos tinha-os de resposta pronta e engolia-os diariamente como que por prescrição médica, acompanhados por um cálice médio de rancor a alimentar sua úlcera ainda inexistente mas já potencialmente letal.
Afugentava as mulheres em no máximo dois encontros e depois culpava a idade, já que preferia as adolescentes. Vez ou outra alguma delas insistia e na manhã seguinte, discretamente era exibida como manchas de sangue no lençol aos poucos amigos que ainda o toleravam, para que atestassem mais uma das suaves prestações de sua lenta perda da virgindade.
Mas, para todos os efeitos, procurava mostrar-se sério e metódico... e sempre metia os pés pelas mãos! Extrema rigidez disfarçada em aparente flexibilidade.
Numa festa, para a qual se auto-convidou (como já era o costume), os três copos de vinho degustados lentamente não foram suficientes para tira-lo do controle de si mesmo. Mas Lúcio Eros, sim! Rapaz interessantíssimo, de rosto angelical, que conheceu logo no início da noite e que não lhe saiu do pensamento durante boas semanas.
Sentira em si um furor lascivo absolutamente inédito. Daí por diante os sonhos inevitáveis de quase todas as noites passaram a ser um só. Mas ora era lido como pesadelo, em noites de negações, ora como arrebatadores momentos de prazer, nos dias em que se deseja desligar-se do mundo concreto das convenções e continuar mergulhado na liberdade de ser o que a alma deseja.
(Vaidade - Mário Deganelli)





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Já que veio até aqui, deixa um comentário, vai?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009


(Mão na Mascara)






No trabalho tão simplificado de amar,
Entre o raio calado e a luz que gerou.
Entre o gozo mais amplificado e a dor – “entretanto são tantas!”
O medo da perda e a perda do medo e o medo que a perda gerou
A dor da corrente e a corrente certeza que a ausência que o amor colocou.
Entre a luz de um olhar e um olhar que apagou
Entre um lábio molhado e o que se entregou
Entre os sons e o calor e o odor do suor
Entre a cor e a carne
Entre a tez e o toque
Entre a excitação
Entre...
(Entre - Mário Deganelli)