A maior descoberta de minha vida

A maior descoberta de minha vida


Descobri que o que sou mesmo é “INVENTOR”

Invento consertos e soluções

Invento músicas, letras e instrumentos

Invento artes plásticas e reinvento coisas do lixo

Invento poesias e poéticas...

Invento tanto, todos os dias,

Que desconfio ser eu minha maior invenção.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sobre o tempo e as pessoas

Um dos textos do Mário que eu mais gosto.
Sempre que o releio, me bate uma certa nostálgia, o texto parece que me transporta para o passado e para as pessoas que "passaram" com ele.
Como se fosse um tapa , não consigo reler sem que permaneça suas marcas em minha face.
E a sensação que me fica é que o tempo se vai, voando e gritando. Continuamos em passos lentos e surdos.


***




Bateu-me hoje um sentimento nostálgico que me fez ver o tempo como uma pessoa de carne e osso da qual a gente sente falta e só descobre esta falta nestes momentos de nostalgia. Aí fiquei tentando contar e relembrar quantas pessoas já deixei passar sem saber que sentia e era bom sentir...
Invadiu-me então uma saudade de há dois dias – do tempo de ontem e do de anteontem.
Aí percebi que na verdade o egoísmo não é um fim nele mesmo; ele só existe pelo medo que as pessoas sentem de perder, ou o tempo ou as pessoas de carne e osso – que também são tempos.
Pura falta de comunicação!
É que se o tempo pudesse gritar como as pessoas de carne e osso e dissesse: – Ei, panaca, olha eu voando! – Talvez as pessoas não ficassem tão egoístas e percebessem que o tempo também grita em silêncio e que as pessoas de carne e osso ficam sem voz...
O estado de torpor seria um tempo de ouvir e de silenciar.
Pensei nestas escrituras e achei que estavam ficando crônicas demais!
Aí pensei de novo no tempo que voa e tive a impressão de que esse vôo nunca é só ... Sempre vão pessoas, essas sim, de carne e osso, conduzidas pelo tempo. E nosso egoísmo nada mais é que as marcas das pessoas de carne e osso que passam pela gente (conduzidas pelo tempo que passa voando) e tentam se agarrar em nós na tentativa de parar esse vôo involuntário.
Pude ver cada rosto de todas as pessoas que voaram e se agarraram em mim e pude então perceber cada marca, cada cheiro, cada sangue que pingou revelando a carne crua...
Serenei-me novamente num estado de torpor de antes do tempo me fazer escrever, ...
... desde o dia em que não escrevia crônicas,
só agudas poesias...

[Escrituras atualizadas de maio de 1998 (Sobre o tempo e as pessoas) - Mário Deganelli)

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